terça-feira, 20 de setembro de 2011

Do jogo ao jogo

Ando vendo os vídeos das aulas...
Uma coisa é certa, os alunos se envolvem muito!
No primeiro momento os trabalhos foram mais individuais, agora passei aos trabalhos coletivos. Estava com um pouco de medo, é o momento em que a timidez, a vergonha e a exposição mais aparece.
O que eu vi?
Um grupo de alunos totalmente envolvidos pelo jogo - entregues, brincando, se divertindo. O riso era fruto das construções do próprio jogo e não de brincadeirinhas paralelas que geralmente ocorrem!
Coisas geniais começam a aparecer, mas o mais interessante para mim, neste momento, é a entrega e o inteiro envolvimento, ou seja, a construção do ESTADO DE JOGO, no qual tudo pode acontecer!!!!!

Apaixonada

Estou completamente apaixonada pelo meu grupo de alunos!
Na última aula eu disse:
"COMO VIVEREI SEM VOCÊS QUANDO TUDO ISSO ACABAR?"
Mais que rapidamente ouvi:
"MONTA UM GRUPO EM OUTRO HORÁRIO!"

Não tem preço!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Respostas

Alguns alunos respondem com o corpo todo. Sempre! Parece que naturalmente. Algo incontrolável.
Simplesmente reagem com tudo.
Nestes basta saber olhar!!!!!!!!!! Fica fácil pensar em coisas para se fazer e brincar porque as respostas físicas são repletas de elementos e energia.
Mais delicado é lidar com os alunos mais contidos, nestes observo dois tipos de trabalho:
1. aqueles que mesmo tímidos se envolvem e realizam coisas delicadas, verdadeiras e que abrem possibilidades;
2. outros que ainda me parecem um folha em branco...eles estão presentes, trabalham, mas permanecem contidos e fechados em sua órbita de ação cotidiana, parece que não há experimentos ou elementos que escapem - esses são um desafio. Percebo que este grupo de alunos (pequeno) as vezes ficam invisíveis aos meus olhos....

É fácil ver o que está escancarado, difícil é ver o delicado....
Depois não basta ver, é preciso fazer algo com tudo isso...
Adoro esse desafio!

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Pérolas

Meus alunos são umas pérolas!
Desde a aula passada começamos a trabalhar com jogos em duplas, trios ou quartetos, como forma de desenvolver o jogo conjunto e para a descoberta de possibilidades de gags.
Hoje vários me surpreenderam. Estão se mostrando cada vez mais soltos e confiantes, até mesmo os mais tímidos apresentam progressos, se propondo a entrar nos exercícios e apresentando os resultados sem ficar se comparando com os outros.
Alguns números já se esboçam. Mas geralmente porque eu aponto caminhos para se percorrer, coisas que observo surgir durante os jogos. Espero que até o final da oficina eles possam estar percebendo seus materiais e resignificando. Lembrei de alguns quadros teóricos que preciso rever e que podem me auxiliar a entender esse processo: o desenvolvimento do jogo (heteronomia e autonomia) e da tomada de consciência (primeiro do que é exterior para depois o que é interno no indivíduo) de PIAGET.
Não sei se é uma turma especial ou se conseguimos construir essa atmosfera de jogo e generosidade.
Talvez os dois!

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Tomada de consciência

Percebo que os alunos conseguem explorar ações espontâneas, algumas se repetem ou por terem se apropriado, ou porque são reações muito características da personalidade dos alunos e que retornam naturalmente. Reações, formas que se repetem espontaneamente
A questão agora é como ajudá-los a perceber e se apropriar de fato dessas reações para desencadeamento delas no jogo.
As ações precisam ocorrer espontaneamente sempre mesmo que já apropriadas... as ações devem ser naturais frutos de uma reação verdadeira  a algo, mas elas não são desconhecidas do ator....
Mil idéias pipocam na minha mente...
Vou ler sobre isso no trabalho do prof. Gilberto Icle, quem sabe consigo clarear as idéias!

As vezes....

As vezes não é apoteose!!!!
Então vamos esmiuçar e encontrar as causas!
A aula foi um pouco maçante, consegui sair com dor de cabeça e um aluno lesionado!
Na verdade uma aluna, que no jogo de pula-cela caiu de queixo no chão. Nada grave mas fiquei arrasada...enfim...
Acredito que a aula não tenha funcionado por uma razão bem simples - dei um único foco!
Geralmente divido a aula em dois momentos, um de experimentação e de descoberta de si e outros com jogos mais técnicos (como de triangulação).
Dessa vez apostei só nos exercício de descoberta da figura do palhaço...resultado muito cansaço!
A aula não foi de toda ruim pois rendeu momentos memoráveis, como uma das alunas que descobriu uma maneira de falar durante o exercício (a mesma que caiu...), ou a descoberta de algumas reações muito interessantes ao correr de olhos fechados, ou alguns rolamentos cheios de charme ou esquisitice!
Talvez a aula não tenha sido tão ruim, só eu estou mais cansada que de costume!
Ah! Também tive respostas LINDAS quando questionei os alunos sobre como estavam entendendo o trabalho... É, estou no caminho! Mas com certeza vou voltar a dividir a aula para que tenha uma dinâmica mais interessante.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Fronteiras II

Toda essa minha divagação do EU social, e o EU total (sei lá de onde eu tirei esses conceitos!) foi desencadeado por duas coisas:
1. Meus questionamento entre a fronteira do meu EU e da minha PALHAÇA;
2. E o retorno de alguns alunos a respeito da oficina. Muitos me escreveram (durante os temas de casa) impressionados com o fato de como em um olhar eu conseguia ver, aquelas coisas que são segredos da vida deles.

Então quero desenvolver meu pensamento em duas frentes: do reconhecer a totalidade de si em relação a máscara social (que já esbocei na postagem anterior) e da EMPATIA.

"O processo de descoberta do clown pessoal provoca a quebra de couraças que usamos na vida cotidiana... Mais do que formas esteriotipadas, o que causa o riso são as manifestações autênticas advindas da sensação de desconforto e insegurança do clown diante do público."
(BURNIER, A arte de ator, p. 218)


"A função da máscara seria ajudar cada um entrar em contato com as próprias direções internas."
(PUCCETTI, O clown através da máscara, Revista do Lume, p. 89)

A partir desses dois referenciais, entende-se a arte do palhaço como um trabalho de desenvolvimento pessoal e único na direção da experimentação, reconhecimento e utilização das inúmeras possibilidades expressivas, energéticas e de sentimentos de cada ser humano envolvido no processo.

Assim, a função do professor é possibilitar um espaço de experimentação dessas possibilidades, assim como de ajudar cada aluno em seu processo de descoberta, revelação, reconhecimento e apropriação de suas diferentes possibilidades de ação e reação. Da mesma forma é preciso construir um trabalho que possibilite  aos alunos tomadas de consciência em relação ao próprio trabalho e dos outros envolvidos (colegas e platéia) para o desenvolvimento dos jogos cênicos, das gags e da relação com o público.

Aí entra o conceito de EMPATIA!

Do grego EMPATHEIA, “paixão, estado de emoção”, de EN, “em”, mais PATHOS, “sentimento”

Empatia é a capacidade  de colocar-se no lugar do outro, de reconhecer e compreender as emoções de outros indivíduos. Encontrei no site http://redepsicologia.com/empatia uma definição interessante que diz:

"Muitas vezes, é caracterizada como a capacidade de 'colocar-se nos sapatos da outra pessoa', ou, de algum modo, a experiência das perspectivas e emoções de um outro ser dentro de si."

Colocar-se nos sapatos de outra pessoa é muito clownesco! Seguindo, o mesmo artigo aponta para a necessidade de compreender que empatia não é simplesmente reconhecer o estado emocional do outros, mas é a percepção e compreensão de um intricado e complexo conjunto de relações que envolve sujeitos, objetos e formas de reação. 

"As emoções das pessoas raramente são postas em palavras; com muito mais frequencia são expressas por outras formas. A chave para que possamos entender os sentimentos dos outros está na capacidade de interpretar canais não verbais: o tom de voz, gestos, expressões faciais e outros sinais."
(GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional, p. 110)


Assim a arte do palhaço ao mesmo tempo que requer, pode possibilitar o desenvolvimento da empatia, tendo em vista que o jogo do palhaço necessita do reconhecimento de si e do outro para a construção da ação cênica.
Mas o conceito de EMPATIA é extremamente importante para mim, porque se conecta com a noção de humanidade, DE UM OLHAR AMOROZO em relação ao outro.
Olhar o outro amorazamente, buscando colocar-se em seu lugar, entendendo suas peculiaridades e sentimentos resgata aquilo que por vezes se perde no emaranhado de função do cotidiano, que é ver e ouvir de fato o outro, contemplar um mundo além do próprio umbigo e suas vontades! Empatia é o caminho para a compaixão e o autruísmo! Mas isso é outra história!!!!


O estado de empatia, ou de entendimento empático, consiste em perceber corretamente o marco de referência interno do outro com os significados e componentes emocionais que contém, como se fosse a outra pessoa, porém sem perder nunca essa condição de “como se”.
(Wikipédia as vezes ajuda!)